Terceirização de serviços ou contratação direta? Veja riscos

Na hora de montar ou expandir uma equipe, as empresas enfrentam uma decisão estratégica crucial: terceirizar serviços ou optar pela contratação direta?

Ambas as alternativas têm suas vantagens, mas também envolvem riscos legais e operacionais significativos — especialmente no contexto regulatório brasileiro. A escolha errada pode resultar em passivos trabalhistas, impactos na operação e prejuízos reputacionais.

Neste artigo, apresentamos uma estrutura prática para líderes de RH, gerentes de operações e empreendedores avaliarem as duas opções com clareza, alinhar a estratégia de força de trabalho aos objetivos do negócio, e tomar decisões mais seguras e inteligentes.

Principais diferenças de terceirização de serviços vs. contratação direta

A diferença entre terceirização de serviços e contratação direta de profissionais envolve importantes nuances legais, operacionais e estratégicas.

Preparamos uma tabela para uma visualização fácil de cada uma:

Riscos da terceirização de serviços

A terceirização simplifica e agiliza a contratação, mas envolve fatores relevantes – especialmente no Brasil, onde a legislação trabalhista é rígida e pode invalidar contratos terceirizados.

Confira os principais riscos ao terceirizar trabalhadores:

• Classificação Brasileira de Ocupações

Um dos principais cuidados deve ser com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), gerenciada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A CBO categoriza as ocupações formais de trabalho no Brasil, de acordo com cargos e funções. Ela deve ser aplicada tanto em contratos de emprego quanto de profissionais terceirizados.

Entretanto, a maioria das ocupações listadas são tradicionalmente associadas ao vínculo empregatício, ou seja, exigem contrato CLT. Por isso é tão importante conhecer minuciosamente esse requisito, garantindo que a terceirização de serviços profissionais não seja enquadrada como relação de emprego pela CBO.

• Conformidade com as leis trabalhistas brasileiras

Mesmo que seja o caso de um profissional terceirizado – e não empregado direto da empresa –, ela pode ter a chamada “responsabilidade subsidiária” por débitos trabalhistas da prestadora de serviços (empresa terceirizada que contrata o profissional), conforme jurisprudência do TST (Súmula 331).

• Inconsistência de qualidade

A performance pode variar de acordo com o nível de engajamento do fornecedor. Treinamentos, padrões e cultura nem sempre são replicados com fidelidade.

• Desalinhamento cultural

Terceirizados podem não assimilar os valores, processos e metas da organização, impactando a integração cultural e a produtividade.

• Confiabilidade do fornecedor

A solidez jurídica e financeira do prestador de serviço impacta diretamente a reputação e a continuidade do negócio. Uma escolha errada pode gerar quebra de contratos, atrasos e até ações judiciais.

Riscos da contratação direta

A contratação direta tem diversos benefícios, porém demanda mais estrutura e investimento, com fatores que devem ser observados de perto pelas empresas, como:

• Custos fixos mais altos

O contrato de trabalho envolve encargos e benefícios trabalhistas obrigatórios, planos de carreira e rescisões, que impactam o caixa e se tornam um desafio em momentos de oscilação econômica.

• Despesas administrativas

O contrato CLT inclui diversas burocracias, aumentando a carga administrativa para o RH e as equipes jurídicas e financeiras. A empresa se responsabiliza pela gestão da folha de pagamento, pagamento dos encargos trabalhistas e dedução de contribuições previdenciárias do colaborador. O não cumprimento leva a problemas de compliance legal e fiscal, exigindo times especializados e sistemas robustos para contratar e gerir os funcionários.

• Maior complexidade de RH e jurídica para escalar

Para empresas em crescimento acelerado ou expansão internacional, contratar diretamente em diferentes países torna mais complexo o trabalho do RH e da equipe jurídica, que precisam adequar o contrato à conformidade legal e fiscal de cada país. Isso acaba se tornando um gargalo para o negócio escalar rápido.

Quando escolher a terceirização de serviços profissionais

Terceirizar contratos de trabalho é uma excelente escolha para:

1. Executar projetos temporários ou entregas de curto prazo
2. Testar novos mercados sem comprometer o caixa com contratos de longo prazo
3. Dar uma resposta rápida à expansão do negócio ou a novas demandas
4. Suprir funções operacionais como manutenção, logística, TI sob demanda e atendimento ao cliente
5. Ter flexibilidade com segurança para demandas sazonais ou experimentações sem ter que arcar com o custo de uma demissão de funcionário a cada ciclo

Quando escolher a contratação direta de funcionário

A contratação direta tende a ser mais vantajosa para:

1. Preencher funções estratégicas que impactam diretamente a entrega de valor do negócio
2. Preencher funções que lidam com informações sigilosas da empresa – como P&D e branding, que operam diretamente com PI (propriedade intelectual)
3. Montar equipes para uma estrutura que exige integração cultural e alinhamento de longo prazo
4. Contratar para vagas ligadas ao core business, e sigilo são críticos
5. Ter colaboradores que garantam o cumprimento de carga horária e continuidade operacional no longo prazo

Como reduzir o risco em qualquer modelo de contrato

Tanto na terceirização de serviços profissionais quanto na contratação direta de funcionários, a mitigação de riscos exige governança dos contratos e boas práticas de gestão.

Abaixo, listamos as principais:

1. Estabeleça contratos sólidos e específicos

Inclua cláusulas sobre compliance, confidencialidade e PI, penalidades, auditorias e SLA (Service Level Agreement, acordo sobre o nível do serviço).

2. Faça due diligence dos fornecedores

Para escolher a empresa terceirizada que irá contratar os profissionais, analise o histórico, a situação fiscal, os processos trabalhistas, a reputação, a experiência global, e a solidez financeira.

3. Monitore continuamente o desempenho do profissional

Implemente indicadores de qualidade e KPIs para garantir o padrão esperado – seja no contrato terceirizado ou de emprego. Também vale agendar reuniões periódicas – que não podem ser uma obrigação ao freelancer, mas podem ser para os funcionários.

4. Considere alternativas híbridas como EOR

Para ter mais agilidade e reduzir custos e riscos trabalhistas nas contratações, ao mesmo tempo em que você mantém o controle e a visibilidade sobre cada contrato, o EOR é a solução ideal. O Employer of Record une “o melhor dos dois mundos”, pois permite que a empresa terceirize as tarefas de contratação do profissional, mesmo sendo um contrato de empregado formal. Isso porque a empresa não precisa ter uma entidade legal no local da contratação – o EOR assume esse papel.

A escolha certa depende do contexto – e pode ser híbrida

Não existe uma resposta única ou um modelo perfeito. A decisão de contratar um profissional via terceirização de serviços ou contratação direta deve considerar:

• A natureza da função
• O nível de controle necessário
• O apetite ao risco
• A maturidade da empresa
• O contexto legal e operacional local

Empresas em crescimento ou que buscam flexibilidade com segurança ao aumentar o time se beneficiam de soluções como o Deel EOR ou o Deel Contractor, que une o dinamismo da terceirização à robustez da contratação direta com total conformidade.

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